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30 setembro 2008

DJ e sua influência na cultura de rua!

Achei essa matéria sobre a cultura Hip Hop, não é muito a minha praia mais achei bem interessante!


O objetivo do Hip Hop não é ditar o que é certo ou errado, mas despertar a consciência crítica. "Letícia Macedo"

“O DJ é o grande maestro do Hip Hop. Ele é quem escolhe as músicas que vão embalar uma festa”, define King Nino Brown, que é responsável pelo acervo da Casa do Hip Hop de Diadema, na grande São Paulo. Um bom DJ faz uma escolha cuidadosa do seu repertório: é preciso sensibilidade para animar a platéia. Através das músicas, o DJ ajuda a passar uma mensagem politizada que encanta os jovens das grandes cidades.

“Quando o DJ não toca bem as pessoas vão embora da festa. Para nós que dançamos, a figura do DJ também é fundamental. Eu não danço músicas que não me agradem”, afirma Alex Oliveira de Sousa, o Casper, 26 anos, que acaba de chegar de uma turnê de dança de rua na Grécia.

O bom DJ não se limita às músicas da moda. “Ele tem que buscar funks e souls que deram origem ao Hip Hop, além de ter a sensibilidade para escolher as músicas novas”, ressalta Adriano Adalberto da Silva, 24 anos, o Dj Tano, campeão por três anos consecutivos do Hip Hop DJ (2003/2004/2005), considerado o mais importante campeonato de discotecagem da América Latina.

A música e o seu poder de tranformação

“Infelizmente, muitos seguem apenas a moda e perdem a essência do DJ. Eles esquecem que é possível educar através da música e que a música tem um poder de tranformação”, lamenta DJ Dandan, responsável por uma oficina na Casa do Hip Hop de Diadema por onde passam mensalmente mais de 200 jovens. Ao lado do rap, do break e do grafite (os outros três elementos que constituem o Hip Hop), o trabalho do DJ ajuda a formar uma consciência cidadã.

De acordo com o DJ Dandan, o objetivo do Hip Hop não é ditar o que é certo ou errado, mas despertar a consciência crítica. “É preciso contribuir para que o jovem questione o que ele ouve no rádio ou vê na TV”, explica. É difícil isolar a influência exercida pelo DJ sem levar em consideração os outros elementos do Hip Hop (rap, break, grafite), mas através da escolha do repertório o DJ consegue passar uma mensagem para o jovem. “A gente aproveita o interesse pelo Hip Hop para alertar sobre as consequências de entrar no mundo das drogas, do crime, de fazer sexo sem camisinha e por aí vai”, afirma DJ Dandan.

A eficácia da mensagem do Hip Hop está relacionada à profunda compreensão do contexto que cerca a periferia, como ressalta Rafael Lopes de Sousa, doutorando do Instituto de Filosofia e de Ciências Humanas da Universidade de Campinas (Unicamp), em São Paulo. DJ Dandan concorda: “Nós somos da periferia. Nós passamos pelas mesmas dificuldades. Esse é o nosso diferencial”.

Graças a essa identificação com os jovens, os porta-vozes do movimento Hip Hop costumam influenciar até mesmo na maneira de se vestir dos jovens. “Quando o adolescente entra no Hip Hop, ele costuma optar pelo lenço na cabeça, boné, correntes, camiseta com números grandes, calça caindo, que eles vêem nos clips internacionais. Com o passar do tempo, ele fica menos vulnerável e vai criando o seu próprio estilo”, afirma DJ Dandan.

Profissão DJ

No entanto, os reflexos da influência do Hip Hop vão além das roupas e podem ter impacto na escolha da profissão de alguns jovens. Para Rafael Lopes de Sousa, incontestavelmente, a figura do DJ guarda um certo glamour e se tornar um deles pode ser um caminho para ascender socialmente.

“O jovem vê o nosso contato com o público e o respeito ao nosso talento que a gente conquistou. Isso cativa e ele se sente estimulado a se tornar um profissional”, explica DJ Tano. “O DJ é o elemento do Hip Hop que tem mais saída para o mercado de trabalho: ele pode dar aula, pode tocar na balada. Acaba ganhando mais do que se tivesse empregado em uma firma sem ter estudado”, afirma o DJ que é profissional desde 2001.

DJ Dandan vê essa influência com naturalidade. “Tornar-se um DJ pode proporcionar uma certa ascensão social, mas viver da arte ainda é muito difícil. Tem que saber caminhar, porque o mercado é fechado e o investimento no íncio é alto porque tem que comprar a aparelhagem, os discos de vinil. Quem quiser viver disso vai ter que gostar muito, ter talento e insistir”, alerta.

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